Um ataque a tiros chocou a comunidade diplomática e os moradores de Ciudad del Este na manhã desta quinta-feira (3). Um homem brasileiro armado invadiu o consulado do Brasil na cidade paraguaia e fez vários disparos. Uma funcionária brasileira foi baleada no braço e o atirador, identificado como Cássio Mussawer Montenegro, atirou em si mesmo logo após o atentado.
A Polícia Nacional do Paraguai confirmou que o ataque aconteceu nas dependências do consulado, onde a vítima, a assessora jurídica Prima Felicia Benítez de Cantuni, de 78 anos, foi atingida no braço esquerdo. Ela foi socorrida e encaminhada a um hospital da região. Apesar da gravidade do episódio, seu estado de saúde é estável.
Já o agressor foi encontrado gravemente ferido pelos policiais nos corredores do edifício, ao lado de uma carta manuscrita, na qual deixava mensagens enigmáticas. “Deixo às autoridades o peso do meu cadáver e a história dos meus pedidos”, escreveu Cássio, sem especificar quais seriam essas demandas. A carta também expressava o desejo de ser sepultado ao lado do pai e que seus bens fossem repartidos entre sua mãe e irmãos.
Segundo o comissário Freddy Villalba, chefe do Departamento de Segurança Turística, ainda não há informações oficiais sobre a motivação do ataque. O consulado brasileiro foi temporariamente fechado e o caso está sendo investigado tanto pelas autoridades paraguaias quanto pelas autoridades brasileiras, por envolver uma representação diplomática.
O atentado foi descrito como “sem precedentes” na região da tríplice fronteira, área que costuma exigir atenção especial dos serviços de inteligência por sua complexidade geopolítica.
O Itamaraty ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso até a publicação desta matéria.
De acordo com informações da imprensa local, Montenegro seria residente no Paraguai, com histórico de reclamações e tentativas frustradas de contato com o consulado em outras ocasiões, o que ainda será confirmado pela investigação.
A carta deixada pelo agressor sugere uma possível motivação pessoal ligada a demandas ignoradas ou não atendidas por autoridades brasileiras, embora nada tenha sido confirmado. Peritos da Polícia Nacional trabalham na análise do material apreendido e câmeras de segurança da área estão sendo examinadas.
A comunidade brasileira em Ciudad del Este demonstrou preocupação com o episódio, especialmente funcionários e frequentadores do consulado. O prédio permanece isolado e agentes da segurança local intensificaram o patrulhamento nas proximidades.
A diplomacia brasileira deve, nas próximas horas, se pronunciar oficialmente sobre o ataque e as condições de segurança dos consulados no exterior.
O caso lança luz sobre a necessidade de reforço na proteção das missões diplomáticas brasileiras, mesmo em países vizinhos tradicionalmente considerados aliados. Também abre debate sobre a saúde mental e o atendimento adequado a cidadãos brasileiros que vivem fora do país e buscam amparo junto às representações consulares.
A investigação segue em andamento e novas informações devem ser divulgadas nas próximas horas.
