Audiência pública reuniu representantes do turismo e sociedade civil para debater destino dos recursos gerados pelas Cataratas; apenas dois parlamentares compareceram
FOZ DO IGUAÇU (PR) – Em sessão esvaziada no plenário da Câmara Municipal, foi realizada na última quarta-feira (18) uma audiência pública para discutir o futuro da arrecadação proveniente das visitas turísticas ao Parque Nacional do Iguaçu, onde estão localizadas as Cataratas. Apesar da importância estratégica do tema para o desenvolvimento regional, apenas dois Soldado Fruet (PL) e Bosco Foz (PL) dos 15 vereadores da Casa compareceram ao encontro.
O debate, proposto pelo vereador Bosco Foz (PL), teve como principal objetivo levantar discussões sobre a destinação das receitas geradas dentro da unidade de conservação, uma das mais visitadas do Brasil. Representantes do setor turístico, sociedade civil organizada e autoridades estaduais participaram da audiência, destacando preocupações quanto à transparência e justiça na distribuição dos recursos.
Para Diogo Araújo, presidente do Conselho Municipal de Turismo (Comtur), a discussão vai além de disputas políticas e jurídicas. “Essa é uma questão que envolve o futuro da cidade e o fortalecimento de toda a região. Estamos lidando com um patrimônio natural de valor internacional. Por isso, defendemos a criação de um comitê permanente para acompanhar e discutir o tema com mais profundidade”, afirmou.
Atualmente, a propriedade da área onde ficam as Cataratas do Iguaçu é objeto de litígio entre o Governo do Paraná e a União. O impasse histórico, que tramita nos tribunais, é citado como um dos entraves para que os recursos arrecadados no parque beneficiem diretamente o município.
Presente à audiência, o deputado estadual Luiz Fernando Guerra (União) relembrou a origem do conflito. “O Paraná adquiriu essa área de forma legítima em 1919. No entanto, desde então, o governo federal tem administrado o parque sem repassar os valores devidos ao estado. Isso precisa mudar. Foz do Iguaçu e o Paraná merecem uma fatia justa dessa arrecadação”, defendeu.
Entre os encaminhamentos definidos ao fim da audiência, está o envio de ofícios à Assembleia Legislativa do Paraná e ao Governo Estadual. Nos documentos, a Câmara solicita a elaboração de um projeto de lei que estabeleça critérios e percentuais fixos para o repasse da arrecadação do Parque Nacional ao município de Foz do Iguaçu.
Apesar do esforço dos participantes, a ausência da maioria dos vereadores foi criticada nos bastidores. Para lideranças do setor turístico, a baixa presença dos parlamentares demonstra falta de comprometimento com uma pauta que impacta diretamente a economia local.
“A arrecadação do parque movimenta milhões por ano. Esses recursos deveriam ajudar a melhorar a infraestrutura, promover o turismo sustentável e beneficiar a população. É decepcionante ver que poucos representantes demonstraram interesse em participar”, comentou um empresário que acompanhou a audiência.
A expectativa agora é de que a mobilização popular e institucional ajude a pressionar o poder público por mais protagonismo local na gestão dos recursos do Parque Nacional, uma das principais joias naturais do país e símbolo do potencial turístico da tríplice fronteira.