A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), deixou o Brasil nos últimos dias em direção à Europa, após cruzar a fronteira com a Argentina por Foz do Iguaçu (PR). A parlamentar foi condenada por envolvimento em uma invasão aos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em um caso que chocou o meio jurídico e político do país.
Segundo informações obtidas por fontes ligadas à Polícia Federal, Zambelli atravessou a fronteira terrestre rumo a Puerto Iguazú, na Argentina, de onde embarcou para Buenos Aires. De lá, seguiu viagem para a Europa. Ainda não há confirmação oficial sobre o país europeu onde ela se encontra atualmente.
A fuga ocorre poucos dias após a decisão do STF que determinou a pena de 10 anos de reclusão em regime fechado, além da perda do mandato parlamentar e dos direitos políticos. A Corte entendeu que Zambelli teve participação direta na coordenação de ataques cibernéticos aos sistemas do CNJ, com o objetivo de manipular dados e comprometer decisões judiciais.
A ação foi considerada uma grave violação à integridade institucional do Judiciário. As investigações apontaram que a deputada teria se aliado a um grupo de hackers para realizar a invasão, utilizando informações privilegiadas e promovendo ataques em série durante o segundo semestre de 2023.
A defesa de Zambelli nega as acusações e informou que irá recorrer da decisão junto a tribunais internacionais. Em nota divulgada por sua assessoria, a deputada classificou a condenação como “perseguição política” e afirmou que está em “exílio temporário” até que, segundo ela, “haja garantia de um julgamento justo”.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Ministério das Relações Exteriores já foram acionados para acompanhar o caso e discutir a possibilidade de extradição. Segundo especialistas, a eventual repatriação da parlamentar dependerá de acordos bilaterais entre o Brasil e o país onde ela se encontra.
Carla Zambelli, conhecida por sua atuação alinhada ao Bolsonarismo e por episódios polêmicos durante seu mandato, já havia se envolvido em outras investigações por abuso de poder e disseminação de desinformação. A condenação atual representa o capítulo mais grave de sua trajetória política.
A Câmara dos Deputados deve se manifestar oficialmente nos próximos dias sobre a vacância do cargo e os desdobramentos da decisão judicial.