A influenciadora Virgínia Fonseca prestou depoimento à CPI das Bets, instalada na Câmara Federal para investigar o impacto das apostas online no Brasil, especialmente os danos causados por plataformas como o “Jogo do Tigrinho”. Com mais de 90 milhões de seguidores, Virgínia foi chamada a depor por ter promovido casas de apostas em suas redes sociais, sendo apontada como uma das principais divulgadoras desses jogos, que têm levado inúmeras pessoas ao endividamento e, em casos extremos, ao suicídio.
Durante a sessão, que foi amplamente acompanhada pela mídia e redes sociais, Virgínia se esquivou de qualquer responsabilidade direta. Alegou que os contratos foram firmados dentro da legalidade e que todos os valores recebidos foram declarados à Receita Federal. No entanto, sua postura — que alternou entre risos, selfies e frases cuidadosamente elaboradas — foi duramente criticada por parlamentares e especialistas, que viram no depoimento um espetáculo midiático esvaziado de conteúdo.
Para muitos, a participação de Virgínia serviu mais como autopromoção do que como uma real contribuição à investigação. Seu comportamento foi descrito como “circo diante dos holofotes”, desviando o foco das discussões mais sérias, como o papel de influenciadores na indução de jovens e adultos a jogos de azar mascarados de “entretenimento”.
Juristas lembram que, segundo o Código de Defesa do Consumidor, influenciadores que promovem produtos potencialmente lesivos podem ser considerados corresponsáveis por prejuízos causados. Isso é especialmente grave em se tratando de plataformas de apostas, cuja natureza viciante já é comprovada e cujos efeitos sociais são devastadores.
A CPI das Bets, apesar da comoção midiática gerada pelo depoimento da influenciadora, ainda busca aprofundar a responsabilização de agentes envolvidos na cadeia de divulgação das apostas. O caso Virgínia Fonseca escancarou a necessidade de limites mais claros entre publicidade digital e responsabilidade social, em um ambiente onde o “like” pode custar muito mais do que se imagina.