O clima voltou a esquentar na Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu. Nesta quinta-feira (10), o presidente do Legislativo, Paulo De Brito (PL), determinou a extinção de todos os blocos e frentes parlamentares formados por vereadores, decisão que gerou forte reação — e acusações — dentro do plenário.
O estopim foi o fim precoce da Frente Parlamentar pela Saúde Infantil, criada apenas 72 horas antes e liderada por Adnan El Sayed (PSD). O grupo tinha como objetivo articular a abertura de dez novos leitos de UTI pediátrica em Foz do Iguaçu antes do próximo inverno, e já preparava uma reunião com o prefeito Joaquim Silva e Luna (PL) e gestores da saúde municipal.
A medida da presidência, anunciada sem debates durante a sessão, seguiu um parecer jurídico solicitado por De Brito na noite da última segunda-feira (7). O documento apontava limitações regimentais para o funcionamento desses blocos suprapartidários, especialmente quando suas pautas se sobrepõem às atribuições das comissões permanentes da Casa.
No entanto, a forma como a decisão foi tomada — e seu impacto direto sobre a frente recém-criada — provocou um duro discurso de Adnan na tribuna. O vereador questionou abertamente as motivações do presidente e insinuou que a extinção dos blocos teve como alvo a iniciativa em defesa das UTIs pediátricas.
“Queria entender o que incomodou tanto na criação de uma frente que buscava mais UTIs para nossas crianças”, disparou Adnan. “Outras frentes e bancadas foram criadas, como a do turismo e da direita conservadora, e ninguém reclamou. Mas quando o assunto é saúde infantil, aí sim incomoda?”
O vereador ainda relatou que teria sido chamado pela presidência logo após protocolar o pedido para criação da frente, sendo pressionado a recuar. “Se eu desistisse da frente da saúde infantil, as outras continuariam. Mas como não desisti, acabaram todas. Valeu a pena exterminar todos os blocos só para barrar quem queria lutar por mais UTIs?” — questionou.
A decisão gerou desconforto entre os parlamentares e acendeu mais um capítulo da já conhecida tensão política no Legislativo local. Para Adnan, a atitude prejudica a atuação dos vereadores em pautas essenciais para a cidade. “Para outras frentes, tudo bem. Mas para lutar por UTIs, não pode?”, concluiu.
A Câmara de Foz do Iguaçu segue dividida, e o episódio escancara um ambiente cada vez mais conflituoso, onde interesses políticos parecem se sobrepor a causas de interesse público.