Crítica ao Museu em Foz do Iguaçu expõe visão elitista sobre a cultura no Brasil

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Uma crítica recente feita pelo colunista Raul Juste Lores, do portal UOL, à escolha de Foz do Iguaçu como sede do novo museu anunciado pelo governo do Paraná gerou polêmica nas redes sociais e entre especialistas em cultura e urbanismo. Ao afirmar que Foz do Iguaçu está localizada no “meio do nada” e que o acesso seria por uma “estrada vazia”, o colunista escancarou uma visão centralizadora e preconceituosa que ainda permeia parte do debate cultural brasileiro.

O museu, que promete ser o primeiro da América Latina com uma proposta inédita (ainda não detalhada pelo governo), será instalado em uma das cidades mais visitadas do país. Foz do Iguaçu, localizada na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, recebe milhões de turistas anualmente, graças às Cataratas do Iguaçu — Patrimônio Natural da Humanidade — e à Usina de Itaipu, uma das maiores hidrelétricas do mundo.

Especialistas e gestores culturais veem na escolha de Foz do Iguaçu um passo importante na descentralização da cultura no país. “Por décadas, a maior parte dos investimentos em arte e cultura ficou restrita ao eixo Rio-São Paulo. Levar um equipamento cultural desse porte ao interior representa um gesto de democratização e valorização de outras regiões brasileiras”, afirma a professora de Políticas Culturais da UFPR, Marina Ferreira.

A crítica de Raul Juste Lores também gerou reações nas redes sociais. Internautas acusaram o colunista de demonstrar uma visão elitista e de desprezar o Brasil real, que está além dos grandes centros urbanos. “É esse tipo de pensamento que perpetua as desigualdades regionais e culturais. Cultura não é só para as capitais”, escreveu um usuário do X (antigo Twitter).

A Prefeitura de Foz do Iguaçu e o Governo do Estado do Paraná ainda não se pronunciaram oficialmente sobre a repercussão da crítica, mas reafirmaram o compromisso com o projeto do museu, que deve começar a ser construído nos próximos meses.

A discussão levanta uma questão importante: por que grandes equipamentos culturais ainda precisam estar concentrados nas mesmas cidades de sempre? Talvez esteja na hora de enxergar o Brasil além da Avenida Paulista.

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