Foz do Iguaçu — 20 de maio de 2025
O governo dos Estados Unidos anunciou uma recompensa de até US$ 10 milhões (cerca de R$ 51 milhões) por informações que levem à identificação ou desarticulação das redes financeiras que sustentam as operações do grupo libanês Hezbollah na Tríplice Fronteira — região que compreende partes da Argentina, Brasil e Paraguai.
A iniciativa faz parte do programa “Recompensas por Justiça”, do Departamento de Estado americano, voltado ao combate ao financiamento do terrorismo internacional. Segundo autoridades norte-americanas, a área é considerada estratégica para o grupo, que supostamente utiliza empresas de fachada, tráfico de produtos e movimentações cambiais irregulares para captar recursos.
“O Hezbollah continua explorando sistemas financeiros e redes criminosas para sustentar suas atividades globais. Identificar e interromper essas conexões é uma prioridade de segurança nacional para os Estados Unidos”, afirmou um comunicado oficial divulgado pelo Departamento de Estado.
A região da Tríplice Fronteira, com cerca de um milhão de habitantes e forte fluxo comercial, há décadas está sob vigilância de agências de inteligência internacionais. O Hezbollah, classificado como organização terrorista por Washington, é acusado de manter apoiadores e operadores financeiros na área, embora governos locais, como o do Brasil, tratem o tema com cautela e ressaltem a ausência de provas concretas de ações terroristas no território nacional.
O anúncio reacende o debate sobre a presença de organizações extremistas na região e pode levar ao fortalecimento de ações conjuntas entre os países envolvidos, embora a soberania nacional e a sensibilidade diplomática continuem sendo pontos centrais das discussões.
O Paraguai, que no passado prendeu suspeitos de ligações com o grupo, ainda não comentou oficialmente o novo movimento dos Estados Unidos. O Brasil e a Argentina também não emitiram posicionamento até o momento.
Enquanto isso, analistas alertam que o foco norte-americano pode gerar tensão geopolítica na região. “É preciso cautela e investigação técnica rigorosa. Reforçar a segurança sem alimentar estigmas é um dos grandes desafios diante desse tipo de acusação”, avaliou um especialista em segurança internacional ouvido pela reportagem.
O Departamento de Estado mantém um canal aberto para denúncias anônimas e promete confidencialidade total aos informantes. O valor da recompensa, considerado elevado, sinaliza o grau de importância atribuído à Tríplice Fronteira no mapa global do financiamento ao terrorismo.